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O Imperialismo da UE

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Joaquim Palminha Silva
É sempre necessário voltar a dizer o elementar, pois a multidão de cronistas de jornais e televisões, procura fertilizar os seus honorários com a utilização de habilidades palavrosas, equívocos e contradições, baralhando ideias e lançando “palpites” que semeiam grande confusão na mentalidade corrente do cidadão português, que carrega ainda uma grande porção de indiferença política e ignorância cívica.

1ª Questão– Desde o “ordeiro” e amargamente conformado PC até ao imbróglio esquerdizante que é o BE, passando pela panóplia de partidinhos que se têm anunciado “à esquerda”, todos convergem em “meia-dúzia” de ideias: a) renegociação da dívida pública; b) preparar Portugal para a eventualidade de saída do euro; c) revogação do Tratado Orçamental; d) retoma do controlo do sector estratégico da economia nacional; e) travagem do programa de privatizações de empresas públicas e bens nacionais…

Estes e outros itens similares, não podem constituir um projecto societário de qualquer partido de esquerda, dado que não anunciam sequer o esboço de uma ideologia, são apenas reivindicações pontuais, evidências que um sindicato poderia subscrever. Em síntese, não se alicerçam na sociedade e se mantêm credíveis partidos deste jaez, apenas para defenderem reivindicações próprias da natureza sindical …

Não se vislumbram profundos recursos ideológicos à esquerda e, portanto, são se visiona uma elite de dirigentes efectivamente revolucionária, desassombradamente radical. O “medo” de que o Poder lhes chame “subversivos”, de que os serviços secretos estrangeiros (os nacionais são anedóticos!) os vigiem, de que a opinião pública, porque manipulada, os isole, bem como a possível perda de algumas migalhas e mordomias, prende a acção revolucionária inovadora destes partidos, se é que têm, mesmo vagamente, a intenção de revolucionar “alguma coisa”…

2ª Questão– Se por um “acaso histórico” o PC, BE e a inqualificável série de partidinhos de última hora, alcançassem uma vitória eleitoral (coligados ou não) e, por conseguinte, formassem um governo com o apoio da maioria do Parlamento, teríamos de assistir à segunda versão do filme grego!

Isto é, Banco Central Europeu, Conselho da Europa e demais estruturas administrativas sediadas em Bruxelas, em sintonia com os interesses dos grandes grupos económicos e do Fundo Monetário Internacional, não estariam na disposição de renegociar a dívida portuguesa e, além do mais, tudo fariam para que Portugal percebesse que o regime democrático actual só é aceitável se for útil aos interesses da concentração de Capital e expansão imperial da UE, bem como ao desmantelamento paulatino de toda a possível soberania administrativa e económica do País.

Em poucas palavras, a esquerda tradicional gravou no seu programa eleitoral a renegociação da dívida, mas os donos da dívida não querem negociar coisa alguma! – Portanto, não entendo razoável pedir o voto dos cidadãos para levar a cabo medidas que, de antemão, já todos sabemos que nunca seriam levadas a cabo, por impedimento declarado da UE!

3ª Questão– As privatizações dos bens nacionais, a reforma da administração pública, a legitimação de cada Orçamento de Estado, etc., etc., são negociados e decididos em Bruxelas, isto é, pelas super-estruturas da União Europeia que, por sua vez, “executam” em nome de “grandes” identidades económicas “sem rosto”. Num cenário destes, programar eleições em Portugal é um logro, uma fantasia própria para colónia de indígenas analfabetos. Tudo é decido, por via da dívida pública, dos seus juros e empréstimos acrescidos, em Bruxelas…- Votar em quem? Em títeres?

Aceitar este regime político “democrático” e ir às urnas de votos, é legitimar a fraude, a continuação de Portugal como colónia e dos portugueses como indígenas! – Se a “esquerda” pactua com esta enorme “palhaçada”, emprestando-lhe mesmo seriedade, coloca-se do lado do inimigo.

A única decisão revolucionária é a abstenção total às eleições, a saída de todos os verdadeiros revolucionários dos esquemas do actual regime. Só uma abstenção assumida, tal uma greve geral, pode fazer tremer os lacaios e serventes de Bruxelas! Uma estrondosa abstenção que lhes retire legitimidade para “mandarem” em nós e, por acréscimo, perderem a credibilidade de lacaios competentes junto dos patrões da UE!


Temos de recusar, com radical decisão, um regime “democrático” que desonra o 25 de Abril de 1974, fazendo de todos nós “indígenas” e de Portugal uma colónia!




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