Joaquim Palminha Silva |
Desde que mundo é mundo, que a concórdia e a convergência, por mais estranho que a todos pareça, têm sido causas de conflitos entre os homens e os Estados.
O desastre começa logo no foro individual e doméstico, quando dois homens desejam a mesma mulher e ela, por deformação moral somada a imbecil vaidade, demonstra agradar-se dessa situação embaraçosa. Se nenhum dos trogloditas desiste, a curto prazo nasce uma “guerra” que pode terminar com derramamento de sangue e questão de “polícia”… - Destes casos se faz a 1ª página dos nossos jornais “populares”!
Quando dois chefes de Estado ou dois cabos de guerra proclamam a posse de uma mesma região, cidade ou ilha (seja qual for o pretexto) surgem as guerras entre Nações que, desde Napoleão Bonaparte, acabaram por atear um fogo mortífero a metade do planeta.
Na verdade, a convergência de vários Estados acerca de um objectivo por todos eles desejado ao mesmo tempo e, sem cedências, por todos eles perseguido “resolve-se” (se assim se pode dizer), infelizmente, por lutas sangrentas, guerras regionais, massacres! Isto é, a industrialização da morte e do sofrimento humano passam a ser os grandes “mecanismos” da História!
Enfim, a identidade de desejos e a convergência das vontades, a tão enaltecida concórdia que muito apreciam os desprevenidos e os ingénuos, tão bajulados pelos manipuladores de mentalidades, é raiz de não pequenos distúrbios planetários de várias dimensões.
A História contemporânea “ensina-nos” que para a conservação da paz convém uma maior diversidade entre as sociedades humanas, uma multifacetada Cultura de povo para povo, uma pacífica discórdia de usos e costumes, de Nação para Nação.
É verdade que esta linha de pensamento vai contra a opinião comum, por isso é ignorada. De resto, se os homens fossem “obrigados” a igualarem-se em todos os aspectos das suas vidas espirituais e materiais, não haveria necessidade da prática do regime democrático. – E a vida seria uma sonolenta monotonia… Bem-aventurada seja pois discórdia!