Ocorreu hoje, 11 de Julho, a inauguração do Fórum Eugénio de Almeida ou, talvez, a inauguração do Palácio da Inquisição após as obras de requalificação de que foi objecto, e para cuja realização a Universidade de Évora contribui como membro institucional do Conselho de Administração da Fundação. A sessão decorreu na Sala do Tribunal do Santo Ofício que para muitos de nós, felizmente, não encerra outra senão a memória saudosa das aulas aí leccionadas. É inquestionável a qualidade da intervenção arquitectónica e a excelência da exposição de pintura com que se inaugura o novo equipamento cultural da cidade de Évora.
Todavia, para uma minoria dos presentes, a sessão ficou ensombrada. Com efeito, pela primeira vez, se a memória me não atraiçoa, numa sessão pública na cidade, com a importância institucional, social e cultural de que aquela se revestia, não houve uma referência à Universidade. Nenhum dos três intervenientes, o Presidente do Conselho de Administração da Fundação, o Presidente da CCDRA e o Presidente da Câmara Municipal, nomeou o Reitor ou referiu a quota-parte da UÉ no sucesso económico da FEA, o qual suporta financeiramente como se sabe, as missões social e cultural de que a FEA, a justo título, se vangloria.
Para além do Sr. Arcebispo, a Universidade de Évora é o único membro institucional laico do Conselho de Administração da FEA e, nessa função, tem contribuído com sageza e determinação para a paz institucional, para o equilíbrio das decisões e para o progresso da Fundação. Importa recordar, sobretudo para as novas gerações, de que a excelência enológica da Fundação Eugénio de Almeida tem, na sua génese, directa e indirectamente, a investigação e a experimentação levadas a cabo na UÉ, nomeadamente pelos saudosos Eng.º Colaço do Rosário e Prof. João Antero Araújo.
Acresce que a Comissária cultural do Fórum é Professora catedrática da UÉ e 16 dos trabalhos expostos são da autoria de docentes e de alunos da Escola de Artes.
Se a Escola é o berçário de uma Nação, a Universidade é espaço e o tempo em que os cidadãos adquirem as mais avançadas competências para o exercício pleno da cidadania, mas também a instituição de quem as Regiões e o País esperam um forte contributo para o desenvolvimento sociocultural, para a inovação tecnológica e a competitividade económica; em suma, para o progresso. Por isso todas as Regiões pugnaram por ter uma Universidade e o Alentejo, não foi excepção.
Então, por que se esquecem os mais responsáveis dirigentes da Região de destacar a Universidade de Évora, na pessoa do seu Reitor, da miríade de outras instituições? A resposta só pode ser uma: porque a Universidade de Évora se apaga como um couto de vela, se deixa resvalar para a irrelevância; porque permite que esfume a sua imagem no imaginário dos cidadãos.
Meus caros amigos, estudantes, funcionários e docentes, o desrespeito à Universidade na pessoa do seu Reitor, consubstancia uma situação INTOLERÁVEL!
Jorge Araújo (aqui)