Joaquim Palminha da Silva |
Há muito que passou a época das “lógicas simples”, e a submissão às “leis” económicas dos mercados regionais, com as suas desigualdades “naturais”.
Hoje, é necessário um rigoroso pragmatismo e a compreensão do mundo tal qual ele está: - Um partido revolucionário novo não se pode resumir, com efeito, à declaração de princípios genéricos, como os medicamentos mais baratos, paliativos. As palavras de encantamento podem ser mais ou menos poéticas, mas não são solução que levem a mudanças socio-económicas.
Um partido que queira contribuir para mudar a injusta ordem socio-económica de um País tem de ter uma ideologia própria, e não um pacote de reivindicações como um sindicato. Um partido efectivamente revolucionário, tem de ter uma estratégia para chegar ao Poder, e possuir um núcleo de dirigentes experimentados, e não um grupo de despeitados que se zangaram com os outros partidos do sistema burocrático e político.
Os partidos novos, que nascem e morrem como coloridas e palavrosas borboletas, aparecem-nos pela frente logo esvaziados de conteúdo ideológico! – De nascença tão tardia, nem chegam a ser parapeitos de protecção dos trabalhadores contra a tirania do Capital!
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Liberdade? Democracia? – Da direita institucional à esquerda ordeira, “bem comportada”, não respondem!
Que liberdade tem o desempregado? Que democracia pode ser vivida pelo sem-abrigo?- As contradições desta “modernidade” europeia na Lusitânia, ressaltam cada dia mais e as ilusões desvanecem-se!
Luta contra as desigualdades, direitos do Homem? – Como assim?! Numa sociedade que precisa de instituir e manter o rendimento mínimo de inserção? – Numa socieade que se declara, desta forma, incapaz de acabar com a extrema pobreza de milhares e milhares de cidadãos?!
Nas pregas desta sociedade de Partidos, como vestíbulos de Poder e Dinheiro, a miséria arreganha os dentes podres todos os dias, e faz caretas a esta gente da política, dos bancos, dos grandes negócios!
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Pensam eles… - Se nos deixarmos levar pela corrente dos mais fortes da União Europeia, se formos no sentido das transformações (“reformas”) que o sistema administrativo de Bruxelas instaurou “naturalmente”, podemos ficar muito tempo nos comandos do governo nacional…
Na realidade, já não se pilota nada que valha a pena, mas deixam-nos envergar a farda de comandantes, almoçamos com os oficiais europeus e podemos subir, às vezes, à ponte de comando. Até podemos ter a ilusão, e fazer crer ao indigenato, à tripulação local, durante algum tempo, que temos o leme na mão, quando afinal de contas é a “corrente” da Europa do norte que nos dirige, nos empurra, para onde lhe agrada e quando lhe apetece!