Joaquim Palminha da Silva |
Camilo Castelo Branco
(125º aniversário da sua morte)
Seja de que maneira for que a minha gratidão de leitor encare ou queira compreender, o homem atormentado e a obra genial do escritor Camilo Castelo Branco, é impossível fugir a este sentimento de desesperada revolta face à iniciativa levada a termo pela Associação Portuguesa de Escritores para assinalar os 125 anos da morte do autor de «Eusébio Macário» e «A Corja»: - Venho de saber pelas páginas do jornal Público(texto de Alexandra Prado Coelho, 1/7/2015) que a dita «Associação…» assinalou a efeméride com um jantar no café-restaurante «Martinho da Arcada» (Lisboa), segunda-feira, dia 1 de Julho…
O Camilo, que foi sempre um desventurado ao longo dos 133 livros, sofreu não poucas carradas de idiotices que em vida lhe armaram, mas dispensava esta agora, 125 anos pós-morte, “ainda por cima” parvamente encenada pela Associação Portuguesa de Escritores!
Sabe-se que o escritor, a partir dos 40 anos de idade, por graves problemas de saúde, era bastante frugal, por conseguinte, o contrário de um gastrónomo de catálogo que se possa comemorar, refazendo pratos e acepipes descritos nas páginas dos seus livros, para entreter, num restaurante “snobe”, os basbaques que gostam de se passear por estes “eventos”!
Não vem grande mal ao mundo com este pequeno disparate (ou parvoíce!), dir-me-ão… - Sem dúvida, sem dúvida… Porém, de parvoíce em parvoíce, acabamos por cair pachorrentamente no pó da idiotia geral, que vai engrossando e escurecendo o entendimento das instituições mais respeitáveis!
Fialho de Almeida, outro escritor que também morreu (em Cuba, no Alentejo) ao abandono (1911), quando da morte de Camilo escreveu a António Feijó, revoltado pelo miserabilismo das exéquias:« […] chegando ao Porto num fourgon de mercadorias, sem tochas, nem pano negro, nem cortejo na gare, nessa horrível manhã de névoa portuense, que eu hei-dever com lágrimas de raiva, enquanto vivo, já que Deus quis ter-me a memória, no meio desta gente empenhada em se esquecer.».
Enfim, a instituição porta-voz dos escritores portugueses não encontrou melhor forma de honrar o 125º aniversário da morte de Camilo Castelo Branco do que promover… uma sessão gastronómica onde, a intervalos de palitarem os dentes, os “fregueses” presentes foram obsequiados com umas “palestritas” de circunstância…
Face a este disparate, confesso-me confuso e envolto nas trevas da incerteza. Para onde levam a Cultura portuguesa, algumas das suas instituições mais insuspeitas? – No melhor pano caí a nódoa!
Seja de que maneira for que a minha gratidão de leitor encare ou queira compreender, o homem atormentado e a obra genial do escritor Camilo Castelo Branco, é impossível fugir a este sentimento de desesperada revolta face à iniciativa levada a termo pela Associação Portuguesa de Escritores para assinalar os 125 anos da morte do autor de «Eusébio Macário» e «A Corja»: - Venho de saber pelas páginas do jornal Público(texto de Alexandra Prado Coelho, 1/7/2015) que a dita «Associação…» assinalou a efeméride com um jantar no café-restaurante «Martinho da Arcada» (Lisboa), segunda-feira, dia 1 de Julho…
O Camilo, que foi sempre um desventurado ao longo dos 133 livros, sofreu não poucas carradas de idiotices que em vida lhe armaram, mas dispensava esta agora, 125 anos pós-morte, “ainda por cima” parvamente encenada pela Associação Portuguesa de Escritores!
Sabe-se que o escritor, a partir dos 40 anos de idade, por graves problemas de saúde, era bastante frugal, por conseguinte, o contrário de um gastrónomo de catálogo que se possa comemorar, refazendo pratos e acepipes descritos nas páginas dos seus livros, para entreter, num restaurante “snobe”, os basbaques que gostam de se passear por estes “eventos”!
Não vem grande mal ao mundo com este pequeno disparate (ou parvoíce!), dir-me-ão… - Sem dúvida, sem dúvida… Porém, de parvoíce em parvoíce, acabamos por cair pachorrentamente no pó da idiotia geral, que vai engrossando e escurecendo o entendimento das instituições mais respeitáveis!
Fialho de Almeida, outro escritor que também morreu (em Cuba, no Alentejo) ao abandono (1911), quando da morte de Camilo escreveu a António Feijó, revoltado pelo miserabilismo das exéquias:« […] chegando ao Porto num fourgon de mercadorias, sem tochas, nem pano negro, nem cortejo na gare, nessa horrível manhã de névoa portuense, que eu hei-dever com lágrimas de raiva, enquanto vivo, já que Deus quis ter-me a memória, no meio desta gente empenhada em se esquecer.».
Enfim, a instituição porta-voz dos escritores portugueses não encontrou melhor forma de honrar o 125º aniversário da morte de Camilo Castelo Branco do que promover… uma sessão gastronómica onde, a intervalos de palitarem os dentes, os “fregueses” presentes foram obsequiados com umas “palestritas” de circunstância…
Face a este disparate, confesso-me confuso e envolto nas trevas da incerteza. Para onde levam a Cultura portuguesa, algumas das suas instituições mais insuspeitas? – No melhor pano caí a nódoa!