Ontem foi um dia histórico para a Europa e para a Grécia em particular. Bem sei que as condições de vida dos gregos não são hoje melhores do que ontem.
Bem sei que se avizinham tempos difíceis para os gregos, talvez os mais difíceis das suas vidas. As instituições europeias, dominadas pela ditadura do sistema financeiro, irão nos próximos dias tentar aplicar uma posição de força para tentar impedir que o vírus democrático e da esperança não se alastre por essa Europa fora. Bem sei que estamos apenas no princípio de uma longa caminhada.
Mas também sei, e que alegria que me dá e que história já ninguém me tira para um dia contar à minha filha, que no dia 5 de Julho de 2015, um povo de um país à beira deste nosso Mediterrâneo, conseguiu a mais difícil das vitórias nos nossos tempos: Vencer o Medo e a Chantagem! Quando o BCE decidiu cortar o financiamento à Banca Grega, quando a Indústria Farmacêutica deixou de fornecer alguns medicamentos vitais às farmácias locais, quando todos os nomes mais “poderosos” da Europa procuraram pressionar, ameaçar, violentar, a maioria de um povo foi capaz de dizer NÃO, foi capaz de gritar BASTA!
Hoje, é apenas e só o primeiro dia das nossas vidas. Mas que lindo dia! Vivemos tempos onde um verdadeiro governo decidiu colocar a política em primeiro, dar voz ao seu povo, colocar a reestruturação da dívida no centro do debate e denunciar, de uma forma clara, o que a política dos Conservadores e do Partido Socialista Europeu tem feito às pessoas.
Fica claro, como nunca, qual o diretório da União Europeia. Mas também fica claro que perante o ultimato dos credores de dívidas impagáveis e de receitas austeritárias que apenas acentuam as desigualdades sociais e geram mais dívida, a resposta está na democracia.
E não se esqueçam que à direita se juntou António Costa e o seu aparelho, apelidando o governo grego de irresponsável. Realmente que irresponsabilidade esta de colocar a política no centro do debate, de colocar as pessoas em primeiro lugar.
Mas hoje é um novo dia. Falemos do futuro, com a certeza que a solidariedade entre os povos e o controlo público e democrático do sistema financeiro são a resposta para a crise em que a Europa mergulhou.
Até para a semana!
(Bruno Martins, crónica na rádio diana)