Dois jovens programadores portugueses, oriundos do Alentejo, integraram a pequena equipa de voluntários que criou uma nova aplicação a ser usada pelos Médicos Sem Fronteiras quando estiverem em missão em zonas de catástrofe e que hoje está em destaque na BBC.
A notícia desta aplicação inovadora foi uma das manchetes da semana passada nos sites informativos da cadeia britânica BBC que destaca o sucesso que teve aquando da sua utilização experimental na Serra Leoa, durante o surto de Ébola.
No entanto, a aplicação foi construída de maneira a poder ser usada em outras pandemias, não só de Ébola, e o seu uso será também disponibilizado a qualquer instituição que dela necessite e não só aos Médicos Sem Fronteiras.
A equipa inicial que desenvolveu este projecto durante o ano de 2014 era composta por um grupo muito restrito de jovens voluntários na área das tecnologias, entre eles 2 jovens irmãos portugueses, Gil e Daniel Sinclair Júlio, naturais de Castro Verde, mas a viverem em Inglaterra.
Gil, de 22 anos, está no último ano da licenciatura em Engenharia Informática na Universidade de Coventry (Inglaterra) e Daniel, 26 anos, trabalha hoje numa grande empresa de tecnologia do Reino Unido.
A equipa começou a desenvolver a aplicação no início do ano passado, sendo Gil e Daniel os únicos programadores Android do grupo.
Depressa se concluiu que poderia haver no futuro constrangimentos a nível de hardware já que os tabletes usados pelas equipas no terreno terão que ser desinfectados com regularidade (devido aos ambientes em que terão que operar).
Para resolver o problema, a equipa entrou em contacto com a Google que rapidamente se interessou pelo projecto e pelo trabalho até ali desenvolvido pelo pequeno grupo de jovens. A Google envolveu-se inicialmente apenas na componente de hardware mas para acelerar o processo criou uma equipa em Londres para colaborar também no software, tendo a equipa de voluntários passado a trabalhar mesmo nas instalações da Google na capital inglesa.
O problema suscitado (e que foi resolvido): elementos dos Médicos Sem Fronteiras, durante uma epidemia do tipo do Ébola tinham apenas meia hora para tratar os pacientes devido ao calor que fazia no interior dos fatos protectores. Nesse tempo tinham que tratar e documentar tudo o que se passava com os pacientes. Devido ao risco de contaminação os dados não podiam ser passados, de forma física, da zona de risco à zona segura. A informação era passada através da voz (gritos) entre as várias barreiras de contenção que separavam as diversas zonas. O papel usado para transmitir a informação tinha que ser queimado. Todo este processo não só demorava uma parte bastante grande dos preciosos 30 minutos que os médicos tinham, como também a informação (que deveria ser privada) era passada de modo público, violando a sua confidencialidade.
A solução: foi criada uma aplicação onde os médicos registam os dados e as informações dos pacientes e esses dados são transmitidos via WiFi para um servidor fora da zona de risco. Leva a que os 30 minutos dos médicos seja muito mais eficiente para o tratamento de pacientes e não se gaste tempo na passagem de informações. Muitos mais dados poderão agora ser transmitidos e muito mais rapidamente para poderem ser posteriormente analisados sem qualquer perda de tempo.