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Estudante de Évora acusa Câmara de "plágio de projecto"

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O meu nome é Lília Ramalho, 25 anos, nascida e residente em Évora, estudante de arquitectura na mesma cidade e praticante de Street Workout. Apresentei um projecto desportivo à Câmara Municipal de Évora há uns meses atrás, a mesma entidade fez-me trabalhar quase 1 ano no projecto, para por fim, mo roubar. Visto que não há mais nada que eu possa fazer, pelo menos gostaria que as pessoas soubessem quem são os dirigentes da cidade onde vivem e assim conto a minha história:
Há uns meses atrás, em Julho de 2014, iniciei um projecto que apresentei à Câmara Municipal de Évora. Um projecto para a construção de um parque de Street Workout na cidade.
E antes de contar a história, quero desde já deixar isto bem claro: eu não inventei o Street Workout nem inventei os parques. Sei disso!!
O que eu fiz foi o projecto, fiz desenhos para o parque, investiguei, pedi orçamentos a umas 10 empresas, apresentei o projecto, pedi tantos patrocínios que perdi a conta, enviei dezenas de mails, fui a diversas reuniões com a câmara e juntas, fiz telefonemas, fartei-me de andar de lado para lado à procura de soluções, fiz rifas, tentei o crowdfunding, tentei um concurso da EDP, fiz pedidos de requalificação dos espaços existentes, fiz e refiz o projecto para tentar adaptar melhores soluções, dei entrevistas para jornais, falei com inúmeras pessoas e nem sei mais o quê durante quase um ano…
Quando apresentei o projecto à Câmara Municipal de Évora, disseram-me que não tinham verbas, mas mostraram-se disponíveis para ceder o terreno para a colocação do parque e para colaborar se eu conseguisse angariar a verba necessária. Os meses foram passando e as coisas foram andado nestes termos, ou seja, eu sempre á procura de soluções para conseguir a verba e pedindo por exemplo patrocínios, questões que foram faladas em todas as reuniões com a Câmara Municipal ou Junta de Freguesia.
Até que há pouco tempo a Câmara me chamou para uma reunião no local onde seria colocado o parque e a pessoa que lá reuniu comigo, me disse que a Câmara estava a trabalhar num projecto semelhante mas mais global, para melhorar espaços públicos em toda a cidade. A Junta de Freguesia onde seria colocado o parque, finalmente também tinha mostrado interesse, dias antes, para o financiar, ainda assim foi-me dito pelos mesmos para continuar a tentar patrocínios pois ainda não era certo da parte deles. Veio então uma outra Junta de Freguesia a perguntar se podiam usar o projecto que eu fiz (sem tirar nem por) em nome deles, ao que eu respondi que o poderiam fazer, desde que fosse em parceria comigo e não excluírem o meu nome… Não voltei a obter resposta.
Relativamente pela mesma altura, fui contacta por um conselheiro do concelho municipal de juventude que revelou bastante interesse pelo projecto, oferecendo-se para ajudar-me a conseguir a verba necessária para realizar o projecto e neste âmbito sugeriu apresentar o projecto no conselho municipal de juventude na Câmara Municipal.
Entretanto por estes dias, fui contactada por um jornalista e dei uma entrevista que saiu no jornal o Diário do Sul e no jornal A Dica.
Será que é surpresa que tenha sido precisamente depois disto que toda a conversa por parte da Câmara Municipal mudou?...
No dia 18 de Fevereiro de 2015, ligaram-me da Câmara e começaram por referir que tinham sido contactados pelo conselho municipal de juventude em relação à apresentação do projecto através dos mesmos, assunto que eles (Câmara) referiram não ter cabimento. Disseram-me depois que tal projecto que engloba toda a cidade, vai para a frente em colaboração com as Juntas de Freguesia, que basicamente usaram o meu projecto, mas não querem lá o meu nome, nem o nome de quaisquer patrocinadores…
Falei-lhes então sobre o facto de ter enviado recentemente o projecto para um concurso da EDP e estar á espera de resposta, que viria no fim do mês de Março, quando serão seleccionados os 10 vencedores do concurso, e questionei sobre o facto de, se conseguisse o dinheiro, se a cidade ainda estaria disposta a receber o projecto. Disseram-me que as coisas não são assim… Que eu não posso por um parque na cidade sem consentimento da Câmara… fartaram-se de referir o facto de que o meu nome ou de patrocínios simplesmente não pode aparecer, não é possível, a Câmara não permite, etc, etc…
A conversa foi exactamente o contrário de tudo o que foi falado até a data.
Pelo telefone disseram-me ainda que aquilo que a Câmara quer fazer, pode nem ser exactamente um parque completo... pois não terão verbas suficientes. Pelo que deu para entender até podem ser apenas 2 ou 3 barras, mas de qualquer forma já não querem que eu tente arranjar o dinheiro para um parque a sério… Porquê? A mim me parece que seja só para não terem que dizer que fui eu que o consegui...
Tentaram ainda ensinar-me a mim que há parques de vários materiais e por isso os técnicos de desporto da Câmara “tem que ver”, porque eles percebem mais daquilo que eu, que sou arquitecta… palavras deles! Provavelmente também acham que percebem mais sobre o desporto em si e sobre o parque, do que eu e outras pessoas que praticam o desporto em questão…
Eu pergunto, será que esses técnicos de desporto que me referiram, são os mesmos que aprovaram barras em outros locais da cidade, com as barras de colocação (verticais) em madeira, que está toda podre e a cair, (por serem em madeira e por não terem qualquer manutenção), que tem cimento só ali em cima da terra (em vez de sapatas como é suposto) só para dizer que tem e portanto abana por todo o lado... Será que são os mesmos técnicos que estão a fazer esse tal projecto mas ainda nao foram capaz de arranjar o que já existe?...
Dia 20 de Fevereiro de 2015, ligou-me novamente a mesma pessoa da Câmara Municipal e voltou a repetir-me tudo o que já tinha dito e mais ainda… Como por exemplo que eu não inventei os parques de Street Workout (É verdade!! Foi a primeira coisa que referi, se voltarem atrás), e que não me roubaram nenhuma ideia, o que eles vão fazer é uma adaptação!
Disseram-me que não podem construir um parque a pensar apenas nos interesses de uma pessoa (estavam obviamente a falar de mim), tem que fazer um parque para todas as pessoas.
Passo a citar o que está escrito no projecto:
“(…)criação de um centro de exercício urbano para a prática de street workout que visa potenciar e promover a prática de actividade física informal, livre e espontânea, de forma segura e gratuita para toda a população(…)”
“(…)Combate o sedentarismo "tirando de casa" crianças, jovens, adultos e idosos, promovendo a prática de exercício físico e combatendo a dependência crescente ás novas tecnologias.
- Promove hábitos de socialização, aproximando pessoas de diferentes etnias, diferentes escalões sociais, diferentes zonas de residência e diferentes crenças ou religiões.
- Tem uma conotação social muito grande, pois é das poucas estruturas que permite que todo o tipo de cidadãos, independentemente da classe social, da idade, da profissão, do género ou da condição física, se possam juntar num espaço comum com o mesmo intuito e com o mesmo poder de usufruto.(…)”
“(…) este parque poderá ter um impacto muito forte junto da população, surgindo como uma novidade a experimentar e pelo facto de ser acessível a todos e sem custos monetários para a população (…)”
Disseram também que não podem fazer um parque direccionado apenas para um único desporto em particular (claro! Não há campos só para futebol ou parques só para skate…), ainda assim, passo a citar mais uma vez o projecto:
“(…) é uma modalidade desportiva composta de exercícios calisténicos, executados usando apenas o próprio peso corporal, através de movimentos de força, coordenação, explosão e equilíbrio, característicos de modalidades como a ginástica artística e o parkour, de onde provem as suas origens (…)”
“(…) A proposta de construção de um parque de Street Workout, é direccionado directamente para a prática da modalidade, mas a sua concepção, permite uma utilização multi-funcional, o que possibilita a utilização do mesmo por todos aqueles que o desejem (…)"
Mais uma vez, referiram também que os técnicos de desporto da Câmara tem que ver bem o material que vai ser usado porque eles percebem muito mais disto que eu.
Mas quem sou eu para falar sobre um projecto ou um parque de Street Workout?... Sou apenas a estudante de arquitectura que é também praticante do desporto em causa e portanto é óbvio que não percebo nada disto…
Sou aquela que vive numa cidade que não pode de forma alguma admitir que um simples mortal como eu, sem cunhas ou poder, apareça como alguém que tentou fazer mais pela sua cidade do que a própria Câmara…
Esta sou eu. Lília Ramalho.
Esta é a história do Projecto para o Parque de Street Workout de Évora.

NOTAS:
- Tenho todos os e-mails que enviei e recebi relativamente ao parque.
- Tenho os jornais onde saiu a noticia sobre o projecto, O Diário do Sul e a Dica.
- Em relação ao Crowdfunding, agradeço a todos que contribuíram, não se preocupem pois quando chegar o fim do prazo e o montante necessário não for atingido, todo o dinheiro será devolvido aos apoiantes.
- Em relação ao concurso da EDP, agradeço a quem votou mas não será necessário votarem mais.
- Em relação ás rifas, agradeço a quem comprou, o valor angariado será doado a uma instituição de apoio a crianças desfavorecidas.
No fim de tudo isto, apesar de o fazer com enorme tristeza, agradeço à Câmara Municipal de Évora, pois apesar de me ter roubado um projecto ao qual me dediquei e no qual trabalhei durante quase 1 ano, finalmente assim, talvez Évora vá ter parque de Street Workout.

Lília Ramalho (por mail). (Também aqui)

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