Mário Botas nasceu na Nazaré, a 23 de Dezembro de 1952… E faleceu em Lisboa no ano de 1983… Mas eu não o esqueci, pois foi artista com que me identifiquei sobremaneira e co ideias muito, mas muito, convergentes com as minhas… A ele devo a fabulosa ilustração de um Eça de Queirós distraído cônsul de Portugal em Cuba, completamente distante da luta pela libertação do povo cubano do colonialismo espanhol, para o meu ensaio sobre o escritor (O Nosso Cônsul em Havana: Eça de Queirós, Lisboa, 1981), cuja imagem se reproduz.
O Mário formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (1975), mas creio que não chegou a exercer ou exerceu pouco profissão de médico. Artista plástico inclassificável, possuidor de uma bagagem cultural e literária pouco habitual entre os nossos artistas plásticos, as suas ilustrações para obras de vários autores portugueses tornaram a sua arte uma verdadeira preciosidade interpretativa.
Expôs individualmente na Galeria de S. Mamede (Lisboa) em 1973. Trabalhador incansável e diversificado, em Setembro de 1977 foi-lhe diagnosticado a doença oncológica que pôs um prazo fixo ao seu plano de vida. Mário decidiu então dedicar o tempo que lhe restava inteiramente à pintura.
De Fevereiro a Agosto de 1978 viveu em Nova Iorque, tendo exposto na Galeria Martin Sumers. A partir de 1980 voltou a Lisboa. Entre Junho e Setembro de 1983 instalou-se em Sintra, trabalhando sempre, numa ânsia constante de dar tudo de si. O agravamento da doença levou-o a voltar a Lisboa, onde veio a falecer a 29 de Setembro de 1983.
Mário Botas não pediu a demissão da vida, por isso pintou como quem vai viver muito: - E vives muito, meu bom amigo!
Joaquim Palminha Silva