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A História é sempre a mesma!

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Joaquim Palminha Silva










            A política interna e externa dos Estados é sempre a mesma há muitos mil anos. Com nomes e regras diversas, existe desde sempre o mesmo regime político fundamental, ora declaradamente violento ora sorrateiramente “democrático”…
            Na essência, uma minoria mais forte económica e militarmente, às vezes mais hábil (nem sempre a mais inteligente) controla, dirige e submete diariamente uma imensa maioria. Estas minorias foram e são geralmente compostas por poucas centenas ou escassos milhares de pessoas: - Podem ser sacerdotes e guerreiros faraónicos, patrícios e proprietários romanos, tiranos “esclarecidos” ou demagogos “revolucionários”, discursando inicialmente sobre uma barricada na “Avenida da Liberdade”, ditadores “iluminados” e paranoicos, liberais e capitalistas cheios de ”bom senso e bom gosto”. Todavia, o esquema é sempre o mesmo, ao longo dos milénios e em toda a parte: - Uma minoria “esclarecida”, defendida pelo chicote das polícias e espingardas dos exércitos, pretende “esclarecer” uma maioria estupidificada das vantagens de ser escravo! 
            Quer se trate de autocracia, de monarquia (absolutista ou liberal), de república democrática ou de socialismo de Estado (erradamente intitulado “comunismo”), verificamos que uma casta dominante e entre si circunstancialmente associada, servida por burocratas obedientes, cientistas e técnicos domesticados, defendida por organizações de mercenários bem remunerados ou exércitos regulares, afirma governar o povo em nome de Deus; depois, os cidadãos em nome da Constituição; a seguir, os produtores em nome da justiça social e da repartição equitativa dos recursos; depois aparece a governar a Nação em nome de “mitos” nacionalistas, agressivos, xenófobos, racistas; outra vez, afirma governar os cidadãos em nome da legitimidade democrática e do “Estado de Direito”, e assim por diante… Mais enfadonho que o suplício de Tântalo!
            Resumindo, poder-se-ia expor a insólita semelhança entre o início da História (quando começou a escrita, por exemplo) e o ponto de chegada, a nossa actualidade. Na realidade, o Homem primitivo alimentava-se com carne animal, cobria-se com peles de animais e facilmente se digladiava, matando-se individualmente ou assassinando-se em grupo. O Homem do século XXI continua a alimentar-se de animais, usa as peles destes para escusadamente se cobrir decorativa e luxuosamente e, mais vezes do que seria de esperar, facilmente esmaga desapiedadamente o seu semelhante, continuando a matar o seu próximo, mas desta vez como se essa matança fosse necessária “produção industrial”!
            Haverá talvez uma única diferença: - É que as carnificinas de hoje são infinitamente mais horrorosas, minuciosa e cientificamente calculadas e, depois, praticadas com um rigor cirúrgico que não existiu no passado.
            Sobre as vicissitudes das Nações, resta dizer que o ritmo contínuo das ascensões e quedas se desbobina há muitas dezenas de séculos a esta parte, da seguinte forma: - Uma tribo ou clã agressivo torna-se o centro de um pequeno Estado, através de sucessivas escaramuças vitoriosas e massacres continuados; este inicial núcleo vai crescendo pouco a pouco, mais por conquistas territoriais do que por alianças; entretanto, quando alcança, a bem ou a mal, o auge da homogeneidade e da fortaleza bélica, procurando crescer cada vez mais à custa dos vizinhos, parte em demanda de territórios distantes, fundando os denominados impérios.
            Com o inelutável rodar do tempo, os impérios são assaltados por impérios seus rivais ou pelos indígenas que haviam sido submetidos, e vão-se desfazendo inexoravelmente. E desfazem-se tanto, tanto, que a Nação conquistadora, depois orgulhoso império, se vai reduzindo pouco a pouco ao seu tamanho original, às suas velhas fronteiras. Por vezes, a decadência vai mais longe, desagregando-se a velha Nação em pequenos Estados ou minúsculas Repúblicas… O mesmo fenómeno de união, fusão e, depois, expansão e refluxo, seguido da fatal decadência, repete-se noutros territórios do planeta com as mesmas “leis” e o mesmo destino.
            De facto, o Homem realizou nos últimos 20 milénios uma enorme evolução, assinalada por três passagens de maioridade “meritória e maravilhosa” : - 1º) Passou do estado animalesco, pouco distante do símio, das idades primitivas para 2º) o estado erecto da selvajaria agressiva e deste último para 3º) o estado de barbárie organizada, sob a ordem de um comando maligno, no qual ainda hoje se encontra!
            Em síntese, foram escritas várias Histórias mundiais que se conservam em filas de grossos volumes, como pedras de muralhas, nas prateleiras das grandes, médias e pequenas bibliotecas de todas as cidades letradas do planeta. Mas tudo se resume, afinal de contas, a umas quantas variáveis da mesma História de sempre! – Porque é sempre a mesma História que acontece sob a roda do sol!

Entretanto, o Homem, face a Deus ou, se quisermos, ao mistério da eternidade universal, é apenas permanente grão de poeira, e esboço de uma demonstração provisória… de contínua e sanguinária violência! 


Até quando?


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