A Assembleia Municipal de Évora (AME) promoveu no Sábado, dia 13, no salão nobre dos Paços do concelho, uma audição pública sobre o projeto de concessão de uma exploração mineira na localidade de N. Sr.ª da Boa Fé, no concelho de Évora. Marcaram presença diversas entidades envolvidas no processo de decisão, nomeadamente, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), CCDRA, CME, Colt Resources e Quercus a quem se juntaram os eleitos na AME pelas várias forças partidárias. De entre o público presente natural destaque para a população da Boa Fé, interessada em conhecer as vantagens e desvantagens deste empreendimento no seu território.
Esta exploração mineira de ouro – caso avance em definitivo – prevê a criação de 135 postos de trabalho diretos e cerca de 1000 indiretos, durante o período de 5 anos, ocupando uma extensão de quase 100 hectares. Trata-se de uma mina a céu aberto cuja laboração vai implicar o corte de quase 7 mil árvores (Sobreiros e Azinheiras) no sítio de Monfurado, área classificada no âmbito da Rede Natura 2000.
Em defesa do projeto, os responsáveis da empresa promotora Colt Resources, com sede no Canadá, mostraram-se disponíveis para assinar um protocolo com a Câmara de Évora garantindo a contratação de mão-de-obra da região para este investimento. A empresa garante, ainda, que irá dar resposta às muitas condicionantes técnicas que constam na Declaração de Impacto Ambiental (DIA), sem as quais o licenciamento não pode avançar. Os representantes da Colt reafirmaram, novamente, a intenção de não avançar com este investimento no caso de a comunidade se mostrar contra o mesmo.
Em cima da mesa esteve, também, a discussão sobre o pedido de Declaração de Interesse Municipal (DIM) do projeto, por parte da companhia Canadiana, à Assembleia Municipal de Évora.
Carlos Pinto de Sá, presidente da autarquia eborense, assegurou que a eventual aprovação desta solicitação irá ser alvo de discussão lembrando, no entanto, que esta declaração não é condição para o avanço desta concessão mineira. O autarca recordou, também, que a competência para licenciamento da exploração mineira é do governo. A aprovação deste investimento deve garantir que os eventuais impactos ambientais, sociais e económicos tenham de ser ressarcidos, alerta Carlos Pinto de Sá.
As preocupações de carater ambiental são partilhadas pelos eleitos dos partidos com assento na AME e pela população da Boa Fé. Questões como a possível emissão de metais perigosos para as linhas de água, poeiras contaminadas ou o abate de árvores, suscitam dúvidas sobre se a geração de riqueza que pode advir do projeto compensa as previsíveis perdas ambientais.
Na sua próxima reunião ordinária a Assembleia Municipal de Évora deverá pronunciar-se sobre a concessão mineira da Boa Fé. (informação da CME, sublinhados nossos)