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Acerca do processo de extinção de posto de trabalho na TSF

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Um dia deixaram de te telefonar
E raramente te marcavam serviços de agenda
E tu pensaste que era por acaso
E que a direcção devia estar muito ocupada

Depois de ganhares o prémio 'Gazeta' pela segunda vez
Proibiram-te de fazer “grandes” reportagens
Porque a direcção tinha um entendimento do direito de autor
Diferente do teu e do sindicato
E tu pensaste que com o tempo tudo se resolveria

Depois tiraram-te o carro de serviço
E nunca mais te destacaram para cobrir eleições,
Visitas presidenciais ou edição de noticiários
E tu ainda deste o benefício da dúvida

Depois começaram a comunicar contigo apenas por email
A fazerem-te um pedido de trabalho por mês
E o director a ligar-te quatro vezes em quatro anos:
Uma (depois de almoço) a dizer que o teu trabalho estava uma merda;
Outra a dizer que a esponja do teu microfone aparecia suja na televisão;
e duas outras a dizer que estavas na lista para despedimento
E aí começaram a desaparecer as dúvidas

A não marcação de trabalhos, a falta de contactos,
O isolamento, a contínua discriminação, a ausência de meios
Só tinham um objectivo: a extinção do teu posto de trabalho
E a tua substituição por quem, custando menos, se sujeitasse mais

E já não havia mais espaço para ter dúvidas:
No rolo compressor do poder
Só interessa quem custa menos, se submete,
Quem tem medo

Mas um dia destes alguns dos que agora fazem as listas
Também serão postos em listas.
Um telefonema pela manhã dir-lhes-á que já não fazem falta,
Que o seu trabalho não justifica o salário,
Que há sempre alguém mais barato do que eles

E já não terão ninguém para lhes mostrar solidariedade
Porque os que ficarem serão sempre

Os que melhor se deixarem submeter.

(Parafraseando Maiakovsky , Niemöller , Brecht…)

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